sábado, 26 de outubro de 2013

Torcida, o maior patrimônio de um clube

Os primeiros comentários que ouvi após o pênalti cobrado de forma ridícula por Alexandre Pato contra o Grêmio foram: "Acabou a carreira desse aí no Corinthians, a torcida não vai deixar ele jogar lá." No final da partida pelas quartas-de-final contra o Botafogo, Hernane falou que quando viu milhares de torcedores "mulambos" gritando o nome dele, a motivação pra jogar aumentou significativamente. Esses são apenas dois exemplos de que quem faz o clube ser o que ele é, é a torcida. 



A torcida de um clube é o maior patrimônio que ele pode possuir. Não é o estádio, não são as instalações, não são os títulos, não é a diretoria,  muito menos os funcionários (jogadores, comissão técnica, etc), é a torcida. É claro que a torcida não entra em campo e, consequentemente, não ganha jogo. Mas certamente o comportamento de um jogador muda quando olha um estádio completamente lotado com torcedores gritando insanamente o seu nome e o nome do clube. Bons exemplos disso são as torcidas do Borussia Dortmund, do Liverpool e do Boca Juniors, famosas mundialmente por empurrarem seus clubes durante os jogos.



Nesse contexto, uma pergunta é recorrente no cenário nacional: porque a torcida do Botafogo não enche o estádio? Em 1999, na final da Copa do Brasil, o Botafogo registrou o maior publico da história da Copa do Brasil: 101.587 presentes no Maracanã, entre os quais eu me incluo. Dez anos depois, 75 mil alvinegros compareceram ao mesmo Maracanã pra acompanhar a final de turno do Campeonato Carioca contra o Resende. Isso foi há apenas 4 anos. Ou seja, é óbvio que o Botafogo tem torcida mais do que suficiente pra lotar qualquer estádio no Rio de Janeiro.



O argumento mais comum entre os botafoguenses é de que não vale a pena torcer e, pra entender esse raciocínio, é necessário voltar ao ano de 1999. Mesmo com o Estádio Mario Filho abarrotado, o Botafogo não foi logrou êxito no certamente e perdeu em casa o titulo para o modesto Juventude. Três anos depois, veio o rebaixamento para a série B no ano de 2002. A volta a série A foi sem brilho, com a segunda colocação no campeonato vencido pelo Palmeiras.



Em 2006, surgiu uma luz no fim do túnel: a conquista do campeonato carioca. Mas em 2007, as decepções voltaram. No carioca, derrota na final com erros grosseiros da arbitragem. Na Copa do Brasil, eliminação em casa para o figueirense, com destaque para os impedimentos inexistente assinalados pela bandeirinha Ana Paula de Oliveira. Na Sulamericana, derrota de virada e eliminação para o River Plate de Falcão Garcia. E no Brasileirão, após derrota em casa para o São Paulo (famoso jogo do "Ninguém Cala": http://www.youtube.com/watch?v=MIAQE64iv2c) e derrocada na tabela após venda de jogadores. Em 2008, novo vice campeonato no Estadual com influencia decisiva da arbitragem no resultado das finais e cenas lamentáveis protagonizadas pelo elenco e pelo presidente do clube (o tal do chororô). Em 2009, mais um revés na final do torneio regional, com destaque para a lesão do craque e artilheiro do campeonato (Maicosuel) no jogo decisivo, além do quase rebaixamento na principal competição nacional.



Em 2010, a chegada de Loco Abreu marcou o inicio de uma nova era no clube. A cavadinha na final contra o flamengo e as fortes declarações do jogador uruguaio rapidamente o alçaram a condição de ídolo de boa parte da torcida. A meta então passou a ser a conquista de títulos nacionais e o retorno à disputa da maior competição do continente e esse passou a ser o novo calvário da torcida botafoguense. Nos anos de 2010, 2011, 2012, o Botafogo iniciou o Campeonato Brasileiro de forma avassaladora, sempre se firmando como candidato ao titulo e muitas vezes como time sensação do torneio. No entanto, nos 3 anos o final foi melancólico, sem nenhuma conquista relevante nem sequer a vaga na Libertadores. Enquanto isso, os rivais se revezaram nas conquistas de títulos nacionais, relegando o Botafogo a uma condição de mera potencia regional.



Em outubro de 2013, a história parece se repetir. Mais uma vez o Botafogo parece perder o fôlego após oito meses de excelente futebol e resultados incontestáveis dentro de campo. Fora dele, a torcida já parece ter perdido o fôlego há muito tempo. Nem a conquista de forma antecipada do campeonato carioca animou o botafoguense a comparecer ao estádio. É evidente que o retrospecto recente tornou o torcedor botafoguense extremamente desconfiado e muitos acham que não vale a pena se comparecer pra apoiar o time.



Se por um lado a desconfiança é plenamente justificada, por outro lado, a própria torcida é a única que pode reverter esse quadro. Técnicos, jogadores e diretorias virão e irão com o passar dos anos, mas os torcedores irão permanecer. São estes que devem ditar como deve ser a postura do time em campo, incentivando e cobrando dentro e fora dos estádios. Se a torcida do Botafogo não comprar essa briga, ninguem irá comprar, porque a torcida é, não apenas o maior, mas o verdadeiro patrimônio de um clube. Portanto, é necessário que a torcida se levante contra tudo, contra todos, contra retrospecto ruim, contra imprensa e decida colocar o Botafogo de novo entre os campeões nacionais. Esse papel é da torcida e ninguém fará isso por ela.


É hora dos botafoguenses tomarem a dianteira e decidirem que o Botafogo será como o seu hino diz: Campeão!

terça-feira, 9 de abril de 2013

ENCARTE


Fala galera alvinegra, beleza? Quem vos fala hoje sou eu, Christian Tonon, e teremos uma coluna semanal sobre CONTRATAÇÕES em especial.

Como é a primeira vez que escrevo, vou me apresentar. Meu nome é Christian, tenho 22 anos, sou estudante de Engenharia Mecânica e abri recentemente uma empresa de Engenharia e Tecnologia (http://www.facebook.com/LaplaceEngenharia curtam lá!) com um grande amigo que hoje é meu sócio. Sou apaixonado pelo Glorioso assim como todos vocês, e vou tentar deixar todo mundo aqui por dentro sobre a quantas anda as contratações aqui no Botafogo e no futebol mundial em geral. Falaremos também sobre a política do clube e demais assuntos interessantes a nós que surgirem.

Então vamos lá:

Eu, assim como todos que fazem parte do blog e da fan-page temos de alguma forma, alguém, seja no dia-a-dia do clube ou que tem conhecimento de gente que faz parte de General Severiano, próximos a nós. Essas pessoas por serem atuantes no Botafogo tem condições de nos passar informações antes mesmo de serem ventiladas na imprensa. Mas o que gostaria de deixar claro é o seguinte:

Essas pessoas, “informantes”, “fontes” e etc... como são chamadas geralmente são amigos pessoais, como é o meu caso. Nenhum de nós agimos como jornalistas a caça de informação, todos temos outros empregos não ligados ao Botafogo, não tiramos vantagem alguma com a vinculação de nossos nomes as notícias que passamos. Fazemos isso por prazer pessoal, e por vontade de que outros apaixonados pelo Glorioso tenham conhecimento das coisas que se passam lá dentro.

Com isso, devo alertados de forma amigável, que nós, todos nós aqui do Boteco Alvinegro somos passiveis de erro. As vezes as pessoas confundem que interesses tem que serem concretizados, ou que um negociação que está avançada seja concluída de qualquer maneira. E quando isso não ocorre muitas vezes servimos de Judas.

Nossa intenção é a mais nobre possível. Ninguém aqui quer iludir ou ludibriar qualquer leitor. Muitas vezes até entre nós temos divergência de informações, principalmente nas contratações e negociações, pois são várias pessoas de setores diferentes. O que quero dizer a vocês é que muitas vezes eu escreverei sobre uma negociação em andamento que pode ou não ser concretizada. Já aconteceram negociações quase fechadas que deram errado (Ricardo Oliveira, Taison, Nilmar, Diego), e negociações relâmpagos que deram certo (Henrique é o caso mais recente, Abreu o mais famoso). Uma negociação geralmente tem 4 estágios antes de sua concretização. Disso falaremos semana que vem!

Peço a compreensão de todos para entenderem isso, pois se assim conseguir levar nossa coluna, com certeza teremos vida longa e muitas coisas legais a serem debatidas.

Agradeceria muito se houvessem críticas principalmente, sugestões e opiniões a respeito dos temas citados. Quero fazer deste espaço um ponto de discussão sadia e agradável para todos.

Qualquer dúvida, sugestão ou crítica podem ser escritas aqui ou mandadas pro meu email pessoal: christian.cfc@gmail.com

Saudações Alvinegras
Christian

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Com show relâmpago de Vitinho, Botafogo vence Olaria e elimina o Vasco


    O Botafogo entrou em campo neste domingo, diante do Olaria, com dois objetivos: assumir a liderança do grupo A e eliminar matematicamente o rival Vasco da Taça Rio. Com atuação consistente do meio-campo, liderado por Lodeiro, e o gás extra do jovem Vitinho, as duas metas foram alcançadas com sucesso. O sistema defensivo do Glorioso  foi pouco exigido e, em grande parte do confronto, apenas assistiu a vitória.

   Só que o triunfo por 3 a 0 não foi tão fácil assim. O Alvinegro começou a partida de forma apática, errando muitos passes na saída de bola e sendo displicente ofensivamente, o que tornou a partida monótona diante da falta de qualidade do tradicional Azulão da Bariri. Mesmo empurrado pela torcida, que compareceu em bom número ao estádio Raulino de Oliveira, o Botafogo esbarrou no péssimo estado do gramado e nas boas defesas do goleiro Gustavo. 

   Desfalcado de Jéfferson, Dória e Seedorf, o Fogão foi comandado pelo incansável Lodeiro, que chamou a responsabilidade da armação de jogadas e estava com a pontaria calibrada. Em cobrança de falta, a melhor chance da primeira etapa: o Gustavo espalmou e a bola ainda explodiu na trave direita. Rafael Marques, jogando mais recuado, recebeu bom lançamento de Marcelo Mattos e também obrigou o arqueiro a salvar o Olaria. 

Vitinho comemora um de seus dois belos gols

   Na segunda etapa, o técnico Oswaldo de Oliveira resolveu sacar Mattos e colocar Renato, visando melhorar a qualidade na saída de bola. Mas o brilho veio de quem já estava dentro de campo: o uruguaio Lodeiro roubou a bola na defesa adversária, tirou o zagueiro, driblou o goleiro e mandou pras redes. O gol, logo cedo, deu tranquilidade ao time e animou ainda mais a empolgada torcida nas arquibancadas.

   A partir daí, o time apenas cadenciou o jogo e criou algumas chances. Houve espaço também para mais uma lambança da arbitragem: Fellype Gabriel finalizou, o goleiro rebateu na barriga do meia, caindo no fundo das redes. O assistente adicional, porém, mesmo de frente, deu toque de mão. Mas logo depois, começou o show de Vitinho: o garoto entrou na vaga de Bruno Mendes e marcou dois golaços em jogadas individuais, fechando o placar em três a zero.

   Na próxima quarta-feira, o Botafogo entra em campo às 16 horas, em jogo adiado contra o Friburguense, válido pela terceira rodada da Taça Rio. A partida é muito importante, visto que o Botafogo precisa vencer para assumir a liderança no ranking geral do campeonato, o que dá a vantagem de dois empates em caso de necessidade de final - ou seja, caso o Botafogo não vença também o segundo turno.

ANÁLISES INDIVIDUAIS

Renan - Pouco exigido, mostrou segurança nas poucas vezes em que precisou intervir. 

Lucas - Chegou bem ao ataque e ajudou nas tramas ofensivas, mas fez poucas jogadas de fundo.

Bolívar - O General começou meio perdido, errando muitos passes, mas logo se encontrou em campo. Atuação segura e discreta. 

André Bahia - Assim como o companheiro, errou muitos passes no primeiro tempo e perdeu jogadas bobas, mas conseguiu se recuperar a tempo de fazer uma boa partida.

Júlio César - Presença constante no campo de ataque, alterna jogadas de fundo com lances na diagonal. Tem sido um dos destaques do time desde que assumiu a camisa 6.

Gabriel - Mais uma vez, um dos melhores em campo - junto com Lodeiro. Muita segurança na marcação e agilidade na saída de jogo. É o motorzinho do time. Fundamental na ligação defesa-ataque.

Marcelo Mattos - Errou muitos passes e parecia ansioso com a bola. Saiu no intervalo para a entrada de Renato, que melhorou a saída de bola, mas sem se destacar muito devido à falta de ritmo. Pode voltar a ser importante no elenco.

Fellype Gabriel - Boa atuação, principalmente na segunda etapa. Sofre com as faltas adversárias, mas vem mostrando evolução física. Muito importante taticamente. Teve um gol mal anulado e participou efetivamente de várias jogadas de ataque.

Lodeiro - Destaque da partida. Incansável, assumiu o papel de Seedorf e armou todas as jogadas, além de brigar pela posse de bola na saída de jogo adversária. Cada vez mais adaptado ao Botafogo e ao futebol brasileiro. Belo gol. 

Rafael Marques - Vem crescendo a cada jogo, mas é limitado. Se doa bastante e joga para o time, atuando mais recuado. Apesar disso, não justifica seu alto salário. Foi substituído por Henrique, que foi discreto e pouco participou.

Bruno Mendes - Pior em campo. Brigou com a bola na maioria das jogadas. Vive péssima fase, após ser considerado a solução para o ataque. Pode perder a vaga com a volta de Seedorf. Saiu para a entrada de Vitinho, que deu um show em 15 minutos, marcando dois golaços. No entanto, precisa ser menos individualista e tocar mais a bola. Potencial imenso, mas é preciso ter tranquilidade para trabalhá-lo.

Oswaldo de Oliveira - Parece ter encontrado a maneira certa de jogar. As saídas de Márcio Azevedo e Antônio Carlos melhoraram o sistema defensivo, que sofreu apenas um gol nos últimos 6 jogos, na partida contra o Madureira.

 










O QUE ESPERAR DO BOTAFOGO EM 2013? (PARTE I)



O QUE ESPERAR DO BOTAFOGO EM 2013? (PARTE I)




Desde o título do Campeonato Carioca de 2006, o Botafogo participa com destaque no cenário estadual. Chegou à final em seis dos sete últimos campeonatos que disputou e já está na final da edição de 2013. O bom retrospecto recente no âmbito doméstico tem contrastado, infelizmente, com fracassos no cenário nacional e internacional. Eliminações precoces na Copa do Brasil, falta de fôlego na reta final do Brasileirão e desempenho pífio na fase internacional da Copa Sul-Americana caracterizam as últimas seis temporadas do Clube de General Severiano. É necessário alcançar conquistas em nível nacional, mas para isso é necessário que os erros dos anos recentes não se repitam.

O Botafogo possui um bom time titular, a principal deficiência é o ataque que não possui um atleta de confiança, capaz de impor respeito aos adversários. Como o Botafogo atua no 4-2-3-1, a principal necessidade é a contratação de um centroavante que tenha qualidade pra jogar com os 3 meias. No entanto, falta também um atacante de velocidade, capaz de jogar pelo lado dos campos. Esse segundo atacante não apenas poderia compor a linha de 3 armadores, como também seria uma alternativa para outros esquemas táticos como o 4-4-2 ou o 4-3-3. Bruno Mendes e Henrique são bons jogadores, mas são muito jovens e ainda precisam de afirmação. Rafael Marques, ainda que tenha jogado bem as ultimas 3 partidas, é um atleta limitado tecnicamente e recebe um salário elevado. As opções de velocidade são Cidinho e Vitinho, jogadores que tem qualidade, mas precisam amadurecer ainda. O time titular do Botafogo estaria em nível de igualdade com os melhores do país com a contratação de um centroavante e um segundo atacante de qualidade.



Apesar do bom time titular que possui, para disputar títulos nacionais é necessário ter um elenco de qualidade e aí está, provavelmente, a principal deficiência do Botafogo. Há, talvez, cinco clubes com elencos mais qualificados que o Glorioso: Corinthians, Atlético Mineiro, Fluminense, São Paulo, Grêmio. Ainda há clubes com nível similar ao Alvinegro, como Internacional, Cruzeiro e Santos (se Neymar não for vendido). O cenário, nesse momento, aponta que se o Botafogo pretende ser campeão nacional em 2013, precisa contratar jogadores não apenas para o comando de ataque. 



Vamos fazer uma rápida análise do atual elenco alvinegro:
- o gol e a zaga estão bem servidos com bons titulares e reservas;
- a lateral direita tem bons valores com Lucas, Gilberto e Edilson, mas a lateral esquerda só tem Julio Cesar com competência pra exercer a função;
- a função de segundo volante pode ser exercida por muitos jogadores do elenco: Mattos, Renato, Fellype Gabriel, Jadson, além das revelações Fabiano e Dedé. Na posição de primeiro volante, só o garoto Gabriel tem executado a função com qualidade, Mattos tem sérios problemas físicos e está com rendimento abaixo da média, mesmo no Campeonato Carioca;
- no setor de criação, Lodeiro e Seedorf são os principais destaques que ainda conta com Fellype Gabriel, Andrezinho Cidinho e Vitinho. Ainda que seja o setor com mais qualidade do elenco, é pouco para a disputa de tantas competições, pois Andrezinho e Fellype Gabriel são atletas que se contundem regularmente, Seedorf já tem 37 anos de idade e Lodeiro é constantemente convocado para a Celeste Olímpica;
- o ataque, como já foi falado anteriormente, carece de melhores valores principalmente para o time titular. 




Portanto, seria necessária a contratação de um lateral-esquerdo, um primeiro volante, um meia, um segundo atacante e um centroavante para disputar as competições nacionais em igualdade de condições com os elencos mais qualificados do País. No próximo post, falaremos sobre a situação financeira e política do clube em 2013, para ter uma visão correta do que pode se esperar do Botafogo de Futebol e Regatas na atual temporada.

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Forte abraço e saudações alvinegras.

domingo, 7 de abril de 2013

Craque da semana: Didi

Didi. Também conhecido como Príncipe etíope e Mr.Football.

Ano de 1958: supercampeonato. Botafogo, Vasco e Flamengo terminaram empatados e foram para dois turnos a três. Eu tinha 13 anos e acompanhava os filhos do diretor de futebol do Botafogo, Renato Estelita. O Botafogo foi relançado por Estelita depois de quase 10 anos sem titulo. Entre outros, trouxe o Didi, grande craque que havia jogado no Fluminense. Uma transação milionária, a maior na época.

Os jogadores do Botafogo iam da concentração para a sede de General Severiano. Ali faziam revisão médica e ficavam livres para relaxar. Garrincha preferia atravessar a rua, subir numa árvore com uma fruta e ver a pelada que corria no campo na área onde hoje é o Canecão. Outros paqueravam na porta dando autógrafos e se assanhando com as meninas que passavam por ali ou que iam lá para vê-los de perto.

O único que ficava recluso era DIDI. Ele ia para o andar de cima da sede, sentava numa poltrona, esticava as pernas e ficava meditando, fazendo as suas reflexões. Era exatamente o personagem que Nelson Rodrigues o batizou: Príncipe Etíope de Rancho. Ninguém podia se aproximar do andar de cima. O porteiro pedia: - Silêncio, por favor, que o mestre está relaxando.

Mas eu queria fazer uma perguntinha ao mestre e tinha que passar pelo cerco do porteiro. Fiquei à espreita aguardando que o porteiro fosse atender a algum chamado. Não demorou muito e foi chamado lá perto do vestiário. Foi o suficiente. Subi a escada evitando fazer barulho. E entrei no salão.

Didi olhou para mim e disse: - O que quer, garoto? Eu respondi de pronto: - Seu Didi. Eu queria fazer só uma pergunta. E ele: - Se for rápida faça logo. A pergunta estava na ponta da língua: - Seu Didi, o que é um craque? E a resposta veio de bate-pronto: - Filho,craque é o jogador que de dentro do campo vê o jogo como se estivesse na arquibancada.

Não precisava dizer mais nada. Saí dali com a resposta na cabeça. E nunca mais cansei de perguntar a todos: - O que é um craque? E eu mesmo respondia: - É o jogador que de dentro do campo vê o jogo como se estivesse na arquibancada. Dava um sorriso superior e dizia: - Eu aprendi com o Didi.

Cesar Maia

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Devolver ou não devolver, eis a questão.



Antes de tudo, gostaríamos de dar a todos as boas vindas ao Boteco Alvinegro. Como somos um grupo “secreto” no Face, isso é uma forma de todos poderem participar e comentar sobre questões sobre o nosso Glorioso. Nós não somos um grupo politico. Então, não apoiamos A ou B. Enfim, bem vindos. Agora vamos falar sobre o assunto que vem nos trazendo grande tormento: Engenhão.

Em primeiro lugar, “enchenão” nos dos outros é refresco. Dos 5 maiores públicos da história do estádio, 4 são em jogos do Botafogo.

O Engenhão tem muitos problemas de estrutura. Isso é visível e inquestionável. O problema é que toda essa manobra foi realizada de uma forma, no mínimo, estranha. O Eduardo Paes claramente deu um tiro sem consultar ninguém querendo atingir o clã dos maias e fortalecer a licitação do Maracanã.

O Montenegro está fechado com uma chapa para as eleições do ano que vem, e uma pessoa dessa chapa fez papel de interlocução entre um consorcio que vai entrar no maracanã e ele. Ofereceram uma “recompensa” para o Botafogo largar o Engenhão que foi rechaçada pelo presidente. Mas como isso é uma questão acima da própria gestão atual pois influencia o Botafogo pelos próximos 15anos foi levada ao conselho consultivo que também vetou em um primeiro momento.

O Botafogo estava aprendendo a ganhar dinheiro com o Engenhão, o negócio dos naming rights não eram falácias e estavam muito próximos de um acerto, MESMO!!!! Agora essa questão só pode vir a pauta quando o Engenhão reabrir e, mesmo assim, se for totalmente reformado. Ninguém quer associar sua marca a um estádio remendado que pode dar uma “tragédia” a qualquer minuto. Contratos de patrocínio do estádio também podem ser afetados com esse problema. Em contrapartida, vamos brigar por uma indenização que cubra todos esses prejuízos. Mas fica a pergunta: Quanto tempo demoraríamos para receber?

Estão esperando sair o laudo - já que o estádio foi fechado sem nenhum laudo técnico que aponte realmente o problema e muito menos a solução – para tomar uma posição. O que defendem é que ninguém vai entregar um estádio meia bomba para as olimpíadas, maior evento do planeta. Vão reformar o estádio todo, de cabo a rabo. E, também, existe uma promessa que o estádio seria repassado ao Botafogo após os jogos, mas isso depende um pouco da eleição do Pezão ano que vem.

O orçamento já está comprometido pois nele constava a receita de naming rights,. O clube está se movimentando para perder o mínimo possível com essa situação. Mas, convenhamos, na situação que estamos com salários atrasados e receitas penhoras qualquer mínimo é um estrago.

Leonardo Andrade